Meu Filho não Come

Meu filho não come: quando a falta de apetite preocupa

"Meu filho não come!” Essa é uma das principais queixas dos pais de crianças em idade pré-escolar (entre 1 e 6 anos). Muitas vezes eles têm razão: a garotada nessa faixa de idade realmente costuma comer menos, por diversos motivos.

Mas é preciso tomar cuidado para que a preocupação não seja exagerada. A princípio, o apetite realmente diminui nessa fase porque, ao entrar no segundo ano de vida, o ritmo de crescimento da criança cai e, por conseqüência, sua necessidade de calorias diárias também. Isso se reflete na fome da criança. Além das diferenças decorrentes da faixa etária da criança, a falta de apetite pode estar relacionada com o comportamento dos pais, listados a seguir:

  • A mãe oferece muita comida à criança, sem levar em conta o tamanho de seu estômago. Ela não agüenta comer tudo.
  • O intervalo entre as refeições é irregular, está muito curto e cheio de "belisquetes".
  • A criança não come por que não tem fome.
  • Nessa idade o mundo ao redor é muito mais interessante e curioso, e o ambiente não ajuda: há muito barulho e confusão durante a refeição. A criança não consegue se concentrar no ato de comer.
  • A criança já percebeu que, se recusar à comida, seus pais irão fazer diversos malabarismos para que ela coma. Ela decide então se divertir e não come...
  • Existem mães que ficam tão aflitas porque seus filhos não comem, que trocam a refeição por lanches ou outras guloseimas. Quando a criança entende o processo, faz chantagem para receber o "prêmio".
  • Promessas do tipo "se você comer tudo, ganha chocolate" só servem para superestimar o doce e diminuir o valor da comida.
  • A comida não está gostosa, falta sal e temperos. Ela precisa ser saborosa para que a criança sinta prazer em comer.
  • A mãe repete o mesmo cardápio todo dia. É natural que a criança acaba se desinteressando pelo alimento.
  • A mãe, ansiosa para que o filho se alimente, passa esse sentimento para ele, angustiando-o e interferindo na sua vontade de comer.
  • Apesar de serem mais fáceis de ingerir, papinhas passadas no liquidificador não estimulam o bebê a mastigar e a reconhecer o sabor dos alimentos. Por conseqüência disso, ele acaba por não desenvolver seu paladar.
  • Não respeitar o gosto da criança. As características funcionais das papilas gustativas são determinadas pela genética. Isso significa que, ao nascer, a criança já tem algumas preferências (e aversões) alimentares que precisam ser levadas em consideração.
  • Tem dentinho novo na área. A gengiva se torna dolorida e fica mais difícil de mastigar os alimentos. Muita calma (e paciência) nessa hora, mamãe!

E agora, como resolver essa falta de apetite?

Alguns desses fatores, ou mesmo todos eles, são armadilhas comuns para a maioria dos pais. Quando a inapetência tem as características citadas acima, é conhecida como falta de apetite de origem comportamental.

O melhor é evitar tais comportamentos, pois consertá-los é mais difícil. Eis algumas dicas para evitar ou reverter o quadro:

  • Entre na luta sabendo que a batalha vai ser dura. Mudar o comportamento alimentar de uma criança não é tarefa das mais fáceis. Tenha paciência e seja firme (e flexível, de vez em quando).
  • Estabeleça horários para as refeições e para os lanches, com intervalos de duas a três horas para crianças entre 1 e 6 anos e de três a quatro horas para os que estão em fase escolar.
  • Não troque a refeição principal por outro alimento. Se a criança não quiser comer, aguarde meia hora ou uma hora e ofereça novamente a mesma comida. Se ainda assim ela recusar, espere mais tempo até que ela dê sinais de está com fome.
  • Mas, antes de tudo, certifique-se de que ela gosta do que está sendo oferecido.
  • Criança troca facilmente a refeição pelo suco. Por isso, limite à ingestão de líquidos (sucos e água) durante a refeição (antes ou depois dela, libere). A capacidade gástrica da garotada é limitada e não vale a pena enchê-la com líquido. Vai faltar espaço para a comida. Espere a criança comer parte da refeição para então oferecer suco ou água.
  • Esqueça artimanhas do tipo "se comer tudo, ganha um brinquedo", "se não comer, fica de castigo". Caso contrário ela vai supervalorizar o prêmio e odiar a comida, que a castiga. Seja honesto com seu filho.
  • Seja firme com a criança, mas não extremamente rígido, para não deixá-la angustiada e ansiosa. Um chocolate fora de hora, de vez em quando, até que faz bem, é divertido e gostoso.
  • Criança pequena tem estômago pequeno, por isso nem adianta encher muito o prato. Senão só de olhar, ela já vai ficar saciada. Coloque pouca comida e, se a criança quiser repetir, coloque menos ainda.
  • Evite artifícios como "aviãozinho", "televisão" e "disfarçar os alimentos". Eles duram pouco e você vai ter que estar sempre inventando novidades. Haja imaginação!

Se ela costuma ficar apática, pálida, fraca, sem fome, muito sonolenta, com a pele seca, os cabelos finos e quebradiços, com rachaduras nos cantos da boca, com as gengivas sangrando e está perdendo peso, há grandes chances de que esteja com deficiências nutricionais.

E somente o pediatra e o nutricionista poderão prescrever o melhor tratamento: mudança de hábitos alimentares, ingestão de suplementos de vitaminas e minerais e estimuladores de apetite.